“Nunca duvide que um pequeno grupo de pessoas conscientes e engajadas possa
mudar o mundo.
De fato, sempre foi assim que o mundo mudou”
Margarite Mead
Não é mais possível desenvolver dois conjuntos paralelos de medidas, um para responder às necessidades sociais – “salvar a humanidade” – e outro para responder aos danos ecológicos “salvar o planeta”. O objetivo atual é combinar essas duas exigências solidárias na perspectiva de ação conhecida como socioambiental. A percepção da existência de limites do planeta, da degradação e dos riscos ecológicos, bem como das suas dramáticas conseqüências para a humanidade, nos força, desde já, a repensar as relações entre sociedade-natureza e a considerar danos ignorados por muito tempo.
Expanda seus conhecimentos sobre a preservação da vida na Terra. Reflita sobre nosso impacto como indivíduo e sociedade. Prepare-se para contribuir com a mudança.
Entre 22 e 25 de setembro, o Planeta.doc Conferência vai transformar Florianópolis em um polo de ideias, experiências e encontros dedicados à regeneração do planeta e à construção de uma nova relação entre sociedade e natureza A conferência reunirá pensadores, cientistas, pesquisadores, artistas, ativistas e estudantes para imaginar futuros possíveis e fortalecer ações concretas frente à crise socioambiental.
O Planeta.doc Conferência 2025 está chegando. Inspire-se. Transforme-se. Ouse transformar!
V Edição
eixos do planetadoc conferência 2025
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BENS COMUNS E A
VIRADA BIOCÊNTRICA -
CIDADES SUSTENTÁVEIS,
FLORESTAS E ÁGUA -
INOVAÇÃO SOCIAL, IMPACTO
E ECONOMIA REGENERATIVA
Em todo o mundo, multiplicam-se os programas de inovação para a preservação da vida. Soluções estão sendo geradas em setores tão diversos como energias renováveis, biotecnologia, reciclagem, materiais biodegradáveis, mobilidade urbana, construções sustentáveis, agricultura de baixo carbono e nos processos industriais em geral. Cresce ininterruptamente o conhecimento científico e interdisciplinar sobre o funcionamento da Terra como sistema vivo, assim como se aprofundam os movimentos sociais vinculados à ecologia, que compreendem a natureza como bem coletivo, cujo modo de apropriação e gestão deve ser objeto de debate público e de controle social. Simultaneamente, ganha força na América Latina a proposta de reconhecer a natureza como sujeito de direitos, deslocando o olhar antropocêntrico em direção a uma perspectiva mais ampla e biocêntrica.
Este conjunto intrincado de experiências constitui o amálgama através do qual se desenvolve uma nova cultura planetária, que conjuga o avanço tecnológico e científico e social à renovação epistemológica da razão de ser e habitar o mundo.
A virada biocêntrica é uma resposta à crise ecológica e à necessidade de um novo marco civilizatório. Vivemos um momento sócio histórico marcado por uma profunda multiplicação dos riscos naturais e tecnológicos e pela permanente presença da incerteza, ambos característicos da modernidade avançada.
A crise ambiental civilizatória pluridimensional que vivenciamos, mais que “ecológica”, é produto das contradições de nossa racionalidade. A crise ambiental revela a todo instante, e de diversas maneiras, as contradições do projeto cultural inspirado na ideia de progresso, na razão instrumental e numa compreensão de mundo dualista.
A virada biocêntrica é uma mudança de paradigma que coloca a vida no centro, em detrimento do antropocentrismo.
Os bens comuns são recursos que podem ser acessados por todos e que beneficiam a sociedade. Eles podem ser naturais, sociais, intelectuais ou culturais.
Exemplos de bens comuns naturais: Ar, Água, Terra, Florestas, Biodiversidade.
Exemplos de bens comuns sociais: Sistemas de saúde e educação, Segurança pública, Justiça, Parques e áreas verdes.
Exemplos de bens comuns intelectuais e culturais: Conhecimento, Tecnologia, A internet, Literatura, Música, Valores culturais e artísticos.
Exemplos de bens comuns na prática: Gestão de áreas de pesca, Gestão de parques e áreas verdes, Software livre, Acesso aberto ao conhecimento.
O biocentrismo defende que todos os seres vivos têm valor intrínseco e que a vida deve ser protegida.
Princípios biocêntricos:
- Considerar a natureza do ponto de vista filosófico, econômico e jurídico;
- Promover a proteção dos seres vivos;
- Não utilizar os animais apenas com fins lucrativos;
- Priorizar a conservação e evolução da vida;
- Estimular o desenvolvimento afetivo;
- Promover o consumo racional de recursos renováveis e não renováveis;
- Incentivar o consumo consciente;
- Gerenciar os resíduos produzidos e seus impactos no meio ambiente;
- Valorizar, conservar e preservar as riquezas regionais;
- Promover a liderança inovadora e participativa
A postura biocêntrica aceita a pluralidade de valores, aceita o valor econômico, o valor de utilidade, mas revela outros valores antes inferiorizados por esse valor de utilidade, como os valores históricos, estéticos, religiosos, culturais e tradicionais.
A crescente complexidade dos desafios urbanos contemporâneos exige abordagens integradas que superem a fragmentação disciplinar. A conferência Cidades Inteligentes, Florestas e Água propõe refletir sobre os vínculos profundos entre planejamento urbano, conservação ecológica e gestão hídrica à luz das transformações tecnológicas e climáticas do século XXI. Pesquisas recentes demonstram que cidades inteligentes — quando orientadas por princípios de sustentabilidade e justiça socioambiental — podem se tornar catalisadoras da preservação dos ecossistemas naturais, sobretudo florestais, promovendo soluções baseadas na natureza para o enfrentamento da escassez hídrica, da poluição e das ilhas de calor. Modelos preditivos apoiados por inteligência artificial e sistemas de sensoriamento remoto têm permitido o mapeamento em tempo real de interações entre cobertura vegetal, regime de chuvas e qualidade da água nos territórios urbanos e periurbanos.
Ao reconhecer florestas e corpos hídricos como infra estruturas vivas essenciais ao funcionamento das cidades, pesquisadores têm defendido a adoção de políticas públicas integradas que incorporem os saberes da ecologia urbana, da engenharia ecológica e da ciência da computação, além da participação das pessoas. Iniciativas recentes, como o monitoramento climático por redes de sensores distribuídos, o uso de dados geoespaciais para o planejamento verde-azul urbano e os sistemas de alerta precoce para eventos extremos, apontam para novas possibilidades de gestão territorial, que não podem estar desvinculados de processos colaborativos de cidadania e de participação. Este paradigma valoriza a complexidade e a interdependência entre os sistemas naturais e antrópicos, promovendo cidades mais resilientes, inclusivas e regenerativas. A conferência se coloca, assim, como espaço de encontro entre ciência, inovação e ação política, contribuindo para o desenho de futuros possíveis onde natureza e urbanidade coexistem em equilíbrio dinâmico.
Dados divulgados pela ONU revelam que, até 2030, aproximadamente 5 bilhões de pessoas viverão nos centros urbanos, o que corresponde a 60% da população mundial. Contudo, em boa parte do Brasil e do mundo, a falta de planejamento para comportar o crescimento acelerado de novos moradores é um assunto delicado, especialmente quando se trata de saneamento básico e distribuição de água potável. Diante desse cenário, cresce a necessidade de pensar a cidade não apenas como um espaço físico, mas como um ambiente de convivência, justiça social e bem-estar coletivo — uma cidade para as pessoas. Esta perspectiva reforça a importância da participação cidadã nos processos de tomada de decisão e formulação de políticas públicas, garantindo que as transformações urbanas atendam às necessidades reais da população. Nesse contexto, difunde-se o conceito de smart cities não apenas como cidades tecnologicamente avançadas, mas como territórios que integram inovação com inclusão social, governança participativa e sustentabilidade, promovendo o direito à cidade para todos.
Esse é apenas o começo de uma revolução tecnológica, que terá como pilar um conjunto de “tecnologias exponenciais”, como robótica, inteligência artificial, impressão 3D, internet das coisas, medicina digital, neurotecnologia, nanotecnologia, biologia sintética e energias renováveis. Essas e outras plataformas tecnológicas têm o potencial de mudar, radicalmente, a forma como produzimos, vendemos, consumimos, nos comunicamos e nos relacionamos. No campo da indústria, um novo modelo de produção irá emergir com possibilidades de eliminação de postos de trabalho, substituição por robôs e customização em massa.
Novos conhecimentos e habilidades precisarão ser desenvolvidos em um curto espaço de tempo. Esse cenário impõe o desafio de democratizar o acesso às tecnologias e fomentar a inovação social como estratégia para que essas transformações atendam às necessidades coletivas e reduzam desigualdades. A cidadania ativa e a participação da sociedade civil se tornam centrais para orientar essa revolução tecnológica rumo à construção de uma economia regenerativa — uma economia que, em vez de explorar recursos e marginalizar populações, valoriza a cooperação, o cuidado com os bens comuns e a regeneração dos sistemas sociais e ambientais.
Abre-se, então, amplo leque de desafios e oportunidades para a criação de uma economia regenerativa. No contexto da racionalidade ambiental, proposta por Enrique Leff, é possível uma nova estratégia ideológica que confronte os fundamentos da racionalidade econômica dominante. Enquanto esta última está baseada na lógica da maximização do lucro, crescimento contínuo e instrumentalização da natureza, a racionalidade ambiental propõe uma reorganização da produção, consumo, ciência e política com base na justiça social, equilíbrio ecológico e diversidade cultural.
Essa racionalidade crítica defende a democratização das decisões, a valorização de saberes locais e a construção de um novo paradigma civilizatório, orientado pela sustentabilidade e pela ética da vida. A construção de uma racionalidade ambiental é um processo político e social que passa por um confronto de interesses opostos, pela necessidade de uma reorientação das tendências (dinâmica populacional, racionalidade do crescimento econômico, padrões tecnológicos e práticas de consumo). Pela ruptura de paradigmas epistemológicos vigentes, principalmente pela iniciativa de organização produtiva das inovações, dos métodos de pesquisa e da produção de novos conceitos e conhecimentos.
conferencistas confirmados
























